Ministro Lewandowski alerta que mudança no papel da PF seria inconstitucional
O ministro
Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública, afirmou, na
noite desta terça-feira (11), esperar que o projeto de lei
Antifacção, de autoria do governo e encaminhado à Câmara no dia 31 de
outubro, seja aproveitado “em 100% ou 90%”. Ele citou surpresa com a
"rapidez" com que foi apresentado o relatório sobre o projeto de lei
e disse que parte do parecer relacionado à Polícia Federal é
"inconstitucional".
Lewandowski respondeu a
perguntas de jornalistas sobre o projeto, ao participar da abertura do 26º
Congresso Nacional do Ministério Público, em Brasília.
Após manifestações do
relator do projeto, o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), representantes do
governo federal e também da Polícia Federal manifestaram preocupação com o texto final que
será apresentado ao plenário da Casa, com previsão de ser votado nesta
quarta-feira (12).
Entre as
contrariedades, Derrite defendeu a equiparação de facções ao
terrorismo e que a Polícia Federal pudesse ter atuação enfraquecida com suposta
necessidade de autorizações por parte de governadores de Estado.
Hugo Motta, presidente da
Câmara dos Deputados, e Guilherme Derrite, negaram essas possibilidades durante entrevista nesta
terça-feira.
Lewandowski disse que
assistiu à entrevista dos parlamentares, nesta tarde, e que entendeu que
ambos garantiram “com todas as letras” não haver hipótese de alterações desse
caráter no projeto original, mas ainda não tem certeza do teor do relatório
final.
Inconstitucional
O ministro da Justiça
considerou que condicionar a atuação da Polícia Federal a uma autorização
dos governos estaduais é inconstitucional, pois as competências da corporação
já estão previstas em lei, e não podem ser alteradas por uma lei ordinária.
"Não seria possível
uma lei ordinária cercear a competência da Polícia Federal, especialmente
estabelecer que a polícia só interviria nos estados para combater as
organizações criminosas ou as facções criminosas se autorizadas pelo governador
do Estado. Isso seria inconcebível, isso seria claramente inconstitucional.
Apontamos outros pontos que consideramos contrários à Constituição",
afirmou.
Três relatórios em 72
horas
Apesar das declarações dos
deputados, o ministro disse, aos jornalistas, que ainda não tem
certeza sobre quais serão as alterações que Derrite apresentará no relatório à
Câmara. Ele estranhou o fato de o texto final ser apresentado em pouco tempo
para um projeto que foi elaborado em mais de seis meses.
