Vereadora fala do simbolismo e responsabilidade histórica
Emoção, reconhecimento e
afirmação da resistência negra. Assim foi marcada a noite, durante a 16ª edição
do Prêmio Maria Felipa, da Câmara Municipal de Salvador. Conduzida pela
vereadora Ireuda Silva (Republicanos), no Centro de Cultura, a solenidade
homenageou 26 mulheres negras que se destacam em diferentes áreas - da política
à saúde, da segurança pública ao empreendedorismo e na luta contra o racismo.
A solenidade integra as
comemorações do Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha
e do Dia Nacional da Mulher Negra. Como destaca a vereadora, que é presidente
da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice-presidente da Comissão de
Reparação, o prêmio foi criado para valorizar trajetórias inspiradoras e
reafirmar a luta antirracista e leva o nome de uma das maiores heroínas da
história brasileira. Maria Felipa de Oliveira, mulher negra, marisqueira e
pescadora liderou, em 1823, centenas de combatentes — entre elas mulheres
negras e indígenas — contra tropas portuguesas na Ilha de Itaparica,
contribuindo decisivamente para a independência da Bahia.
Neste ano, a lista de
homenageadas incluiu mulheres de diversas gerações, profissões e histórias de
vida. Foram reconhecidas figuras como as vereadoras Eliete Paraguassu (PSOL) e
Isabela Souza (Cidadania), a jornalista Priscilla Pires (TV Aratu), a tenente-coronel
Lutiane Ferreira (Corpo de Bombeiros), a psicóloga Dalila Garcez, a empresária
Andrea Nascimento (Solar Gastronomia) e as jornalistas Manuela Rosa (Rádio
Câmara) e Ana Portela (TV Câmara), entre outras mulheres negras que enfrentam
cotidianamente o racismo, o machismo e o apagamento histórico.
A vereadora Ireuda Silva
destacou o simbolismo do momento e a responsabilidade histórica que ele
carrega: “Como referência, nós temos uma mulher. Uma mulher que lutou, uma
mulher que nos inspirou. E eu levo esse legado com muita autonomia, por ser uma
mulher preta invisibilizada há muito tempo. E eu quero fazer sempre o contrário
do que nos fazem. Hoje, aqui nós temos 25 mulheres, referências, mulheres que
mostram para que vieram. São mulheres pretas, capacitadas, mulheres honradas,
que não são visíveis para a sociedade. Mas nós estamos aqui hoje para mostrar o
que representa ser uma mulher preta”.
Ireuda também relembrou
que Maria Felipa não empunhou armas tradicionais, mas utilizou sua inteligência
estratégica e poder de articulação para enfrentar um sistema opressor e
libertar um povo inteiro.
