Cantor Gerônimo Santana mantém tradição e comanda encontro musical no Campo Grande
Um
encontro entre diferentes gerações de artistas baianos marcou a noite desta
sexta-feira (4), no Largo do Campo Grande, como parte das comemorações pelo 2
de Julho, data da Independência do Brasil na Bahia. Quem comandou a festa foi o
cantor Gerônimo Santana, que contou com a participação de Juliana Ribeiro, Ana
Mametto e Andrezza – uma das revelações do Programa Boca de Brasa, da Fundação
Gregório de Mattos (FGM).
O espetáculo, marcado pela mistura de timbres e ritmos,
reuniu sucessos da carreira de Gerônimo, a exemplo de ‘Menino do Pelô’, ‘É
D’Oxum’, ‘Agradecer e abraçar’ e ‘Eu Sou Negão’, intercalados com trechos sobre
a história da Independência contados por ele. Também fizeram parte do
repertório canções de outros artistas, a exemplo de ‘Ouro de Mina’, de Djavan,
e ‘Fogo e Paixão’, de Wando, além de músicas conhecidas nas vozes das cantoras
convidadas.
“Uma das melhores coisas que o povo da Bahia descobriu é que
a grande festa que se comemora é essa. O Brasil todo deveria fazer um grande
festival. E junto com a minhas convidadas, vamos expressar o nosso coração
patriota”, destacou Gerônimo.
O show integra a programação organizada pela Prefeitura de
Salvador, através da FGM e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo
(Secult), que movimenta diferentes regiões da cidade até o dia 13 de julho. A
agenda inclui música, teatro e festival de fanfarras, além da tradição em torno
das figuras do Caboclo e da Cabocla, símbolos da luta pela
Independência.
O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, afirma que a participação
do cantor baiano já virou tradição. “É maravilhoso ter Gerônimo mais uma vez,
porque ele é um artista genuinamente baiano, um dos pais da axé music. Já é uma
tradição e tem tudo a ver com o 2 de Julho, dando continuidade a essa
programação diversificada”, disse.
Para a sambista e historiadora Juliana Ribeiro, a
apresentação tem um significado especial. “É um lugar de força e de
retroalimentação. Eu venho aqui cantar para os caboclos, pela Independência e a
nossa luta, que é negra, indígena, feminina, é feminista e trans. Maria
Quitéria é a primeira heroína trans desse Brasil. E eu saio daqui fortalecida.
Tem um peso tão grande entender que a gente faz parte dessa história do Brasil,
fez a independência desse país e que isso é nosso. É um lugar onde a gente se
reconhece. E fazer música nesse lugar é empoderador”, declarou.
A cantora Ana Mametto também compartilha da emoção de ser
mulher e estar presente no 2 de Julho. “É tão importante a gente exaltar nossa
cultura, trazer a nossa história, a importância do 2 de Julho para o Brasil e
colocar a Bahia no lugar que ela merece. Se o Brasil é independente, é por
conta da Bahia, das mulheres baianas, que a gente não pode esquecer da
importância da colaboração da mulher para a Independência. E Gerônimo chamar
três mulheres para trazer música, leveza e força para o palco, foi um
privilégio”, afirmou.
Encontro
de gerações – A cantora Andrezza, que foi uma
das participantes do Programa Boca de Brasa em 2023 e do Acelera Boca de Brasa
no ano passado, destacou a emoção de dividir o palco com ídolos da música
baiana. Ela revela a importância desta troca de experiências para a carreira
musical.
“São artistas que eu já acompanho há muito tempo,
referências para a nova geração. É a história viva da Bahia acontecendo do
nosso lado, então estar com essas pessoas no palco, trocando energia, sentindo
essa vibração, é muito mágico. Se eu dissesse para a Andrezza de dois anos
atrás que estava pensando em mudar para Salvador e iria participar do show de
Gerônimo, não ia acreditar”, salientou.
Programação –
A grade de atividades dos festejos, iniciada no dia 28, inclui desfile de
fanfarras, concurso de fachadas decoradas, homenagem aos heróis da
Independência, cerimônias cívicas, encontro de filarmônicas, espetáculo de
dança, teatro e shows musicais.
Neste sábado (5), a partir das 18h, será realizada a Volta
dos Caboclos, do Campo Grande até a Lapinha. A programação terá ainda a Festa
de Labatut, no final de linha de Pirajá, de 11 a 13 de julho; o 3º Festival de Fanfarras
e Balizadores, na Praça do Campo Grande, no sábado (12), às 8h; e uma missa na
Igreja de São Bartolomeu, em Pirajá, no domingo (13).
