Outono, frio e automedicação — um risco silencioso à saúde
Com a
chegada do outono, aumentam os casos de doenças respiratórias como gripes,
resfriados e rinites, impulsionados pelo clima seco e pelas temperaturas mais
baixas. Nessa época, é comum que as pessoas recorram à automedicação — o uso de
remédios sem orientação profissional — em busca de alívio rápido dos sintomas.
Segundo a professora Jessica Nayane, professora de Farmácia da Estácio, o frio
favorece essa prática, devido à maior circulação de vírus, ao fácil acesso a
medicamentos sem prescrição e à ideia equivocada de que sintomas leves não
exigem avaliação médica. No entanto, a automedicação pode esconder doenças,
causar efeitos colaterais, interações perigosas e até agravar o quadro clínico.
O uso inadequado de antibióticos é um dos maiores problemas. Muitos os tomam
para tratar gripes e resfriados, que são causados por vírus e não respondem a
esse tipo de medicamento. Isso favorece a resistência bacteriana, tornando as
infecções mais difíceis de tratar no futuro e aumentando o risco de
complicações graves.
Medicamentos comuns como anti-inflamatórios, antialérgicos e descongestionantes
também exigem cuidado, especialmente para quem tem hipertensão, diabetes ou
doenças gástricas. Efeitos colaterais como sonolência, taquicardia, insônia,
reações alérgicas e intoxicações são frequentes quando usados de forma errada.
O mesmo vale para fitoterápicos e chás medicinais. Mesmo sendo naturais, podem
causar efeitos adversos e interagir com outros medicamentos. A crença de que “o
natural não faz mal” é um mito. Diante de qualquer sintoma, a melhor atitude é
procurar um posto de saúde. Se não for possível, um farmacêutico pode orientar
com segurança, avaliando os sintomas e indicando o melhor caminho. Muitas
vezes, apenas uma avaliação clínica ou exames podem definir o tratamento
correto.
O farmacêutico tem um papel essencial na promoção do uso seguro e racional dos
medicamentos. Ele orienta, identifica riscos e ajuda a conectar o paciente com
o sistema de saúde. Automedicar-se é arriscado. A orientação de um profissional
é sempre o caminho mais seguro para cuidar da saúde.
