Ministérios Públicos lançam campanha de incentivo ao acolhimento familiar
Na Bahia, o projeto
"Tecendo o Amanhã" vem fortalecendo o serviço que saltou de um, em
2020, para atuais 32, com mais 18 em processo de implantação
O Dia Mundial do Acolhimento
Familiar, celebrado em 31 de maio, foi marcado pelo lançamento de uma campanha
de incentivo e apoio ao serviço. A iniciativa dos Ministérios Públicos do
Brasil busca sensibilizar a população sobre o potencial do serviço e a necessidade
de sua expansão tendo como meta alcançar o índice de 25% de crianças e
adolescentes sob medidas de proteção atendidos por uma família acolhedora até
2027, conforme definido em recomendação conjunta.
Atualmente, o Brasil tem mais
de 30 mil crianças e adolescentes registrados em serviços de acolhimento, seja
familiar ou institucional. Dessas, pouco mais de 5% estão em serviços de
acolhimento familiar, enquanto o restante está abrigado em instituições. Os
dados são do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ). Na Bahia, graças ao projeto institucional do MPBA, ‘Tecendo o
Amanhã’, o serviço vem se fortalecendo. Essa iniciativa foi criada há cinco
anos pelo MPBA num esforço para garantir a convivência familiar e comunitária
para crianças e adolescentes em situações de vulnerabilidade social. Desde a
sua criação, o projeto vem mudando a realidade de mais de 7 mil crianças e
adolescentes. Entre os anos de 2020 e
2025, o número de serviços de acolhimento familiar na Bahia saltou de apenas um
para 32, e mais 18 estão em processo de implantação.
“A literatura científica já
demonstrou por meio de diversas evidências que o acolhimento em ambiente
familiar favorece o desenvolvimento biopsicossocial das crianças e adolescentes
que precisaram ser afastadas temporariamente da sua família de origem, por uma
medida de proteção. Esses benefícios se tornam ainda mais latentes na primeira
infância, que abarca os primeiros seis anos de vida, pois em virtude da maior
plasticidade cerebral formam-se importantes “janelas de oportunidade’, isto é
períodos em que o cérebro está mais suscetível a se desenvolver, fazendo novas
conexões a partir dos estímulos e experiências aos quais for submetido”,
destacou a promotora de Justiça Ana Emanuela Rossi, coordenadora do Centro de
Apoio Operacional da Criança e do Adolescente (Caoca).
O acolhimento familiar, que
oferece a crianças e adolescentes a oportunidade de viverem temporariamente em
lares de famílias cadastradas até que suas situações sejam regularizadas, vem
se mostrando uma alternativa mais eficaz em relação ao modelo tradicional de
acolhimento institucional. Em vez de permanecerem por longos períodos em
instituições, essas crianças e jovens têm a chance de conviver em ambientes
familiares, garantindo-lhes uma rede de apoio e proteção durante esse momento
de transição. Segundo a promotora de Justiça Ana Emanuela Rossi, esse modelo de
acolhimento evita o risco de que crianças e adolescentes passem anos em
instituições, privados da experiência afetiva familiar, algo que é essencial
para o desenvolvimento emocional saudável. Além disso, a estratégia é menos
custosa para o Poder Público, garantindo o bom uso de recursos públicos.
A coordenadora do Caoca ainda
ressalta que o serviço possui prioridade legal, já sendo objeto de atuação
ministerial, mas que precisamos continuar avançando. “O Ministério Público do
Estado da Bahia, por meio do Tecendo o Amanhã, integrado por diversos Promotores
de Justiça e servidores da Instituição, tem envidado esforços para fomentar o
aprimoramento das políticas públicas que assegurem o direito à convivência
familiar e comunitária, visando a efetiva proteção de crianças e adolescentes
que necessitem ou já estejam inseridas em serviços de acolhimento no estado da
Bahia. Tem entre os seus objetivos melhorar a qualidade e as alternativas de
cuidados ofertadas às crianças e adolescentes que precisam ser afastados de
suas famílias de origem, priorizando o acolhimento na modalidade Família
Acolhedora, exatamente como dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente. A
atuação no sentido de fiscalizar a implementação das políticas públicas pelos
municípios não pode parar. Precisamos avançar mais a fim de garantir a proteção
integral de crianças e adolescentes”, ressaltou.
