Brasil e França devem fazer nova declaração climática visando a COP30
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva viaja à França, entre os dias 4 e 9 de junho, para uma visita de
Estado que não é realizada há 13 anos por um chefe de governo brasileiro. A
última ocorreu em 2012, durante o mandato de Dilma Rousseff. Um dos pontos
altos da agenda deverá ser o anúncio de uma nova declaração climática
conjunta dos dois países, em um dos encontros bilaterais entre Lula e o
presidente francês, Emmanuel Macron.
"Há expectativa de
adoção de uma nova declaração dos dois líderes sobre a mudança do clima
considerando o engajamento dentro dos países nesse tema e a necessidade de
maior mobilização internacional para a COP30 [Conferência das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas], sediada pelo Brasil. Também esperamos acordar a
criação de um corredor marítimo descarbonizado com a França", pontuou o
embaixador Flávio Goldman, diretor do Departamento de Europa do Ministério das
Relações Exteriores, em entrevista a imprensa na última sexta-feira (30), para
detalhar sobre a viagem.
Ao todo, os dois presidentes
devem assinar 20 atos bilaterais, envolvendo acordos de cooperação na área de
vacinas, de segurança pública, de educação e de ciência e tecnologia. Um
anúncio de investimentos entre os dois países também é esperado. Atualmente, a
corrente de comércio entre Brasil e França é de US$ 9,1 bilhões, segundo dados
de 2024, alta de 8% em relação a 2023. A França é o terceiro país que mais
investe no Brasil, com mais de US$ 66,3 bilhões em estoque.
"A visita acontece num
momento muito positivo do relacionamento bilateral, com aproximação em diversas
áreas. Durante sua passagem pela França, Lula terá vários encontros com
Emmanuel Macron, nos quais ele discutirá aspectos relevantes do relacionamento
bilateral e temas da agenda internacional de importância dos dois países, como
a necessidade de reforma da governança global, a defesa do multilateralismo, o
combate ao extremismo e a preparação para a COP30", destacou Goldman.
Lula e comitiva embarcam na
próxima quarta-feira (4), e o primeiro compromisso, em Paris, será no dia
seguinte, com a cerimônia oficial de chegada ao Pátio de Honra da Esplanada dos
Inválidos, na área norte do edifício Hotel des Invalides. O local sedia
cerimônias militares francesas e é frequentemente utilizado para desfiles e
outros eventos.
Em seguida, o presidente
brasileiro se reúne com Macron no Palácio do Eliseu, sede do governo francês,
em uma reunião entre as delegações dos dois países e que será seguida por uma
cerimônia de assinatura de atos, além de declarações à imprensa.
Reconhecimento
No dia 6 de junho, Lula
receberá o título de Doutor Honoris Causa na Universidade
Paris 8. No mesmo dia, ele fará uma visita à exposição sobre o ano do
Brasil na França, no Grand Palais, o principal centro de convenções
do país. De acordo com o Palácio Itamaraty, a programação da temporada
brasileira na França compreenderá diversas atividades até setembro, em mais de
50 cidades francesas. Elas incluirão iniciativas tanto na área artística quanto
nas de cooperação acadêmica, científica, tecnológica, educativa e ambiental,
com o objetivo de longo prazo de fortalecer os laços entre os países.
Ainda no âmbito cultural, o
presidente Lula receberá uma homenagem na Academia Francesa. A Academia foi
criada em 1635, e, em seus quase 400 anos de história, apenas outros 19 chefes
de Estados foram homenageados em sessão oficial. Antes dele, o único brasileiro
reconhecido pela honraria havia sido Dom Pedro II, em 1872.
Está prevista também a
participação de Lula na sessão do Fórum Econômico Brasil-França. O encontro
reunirá autoridades e líderes empresariais de ambos os países.
