1º Congresso do Conseplan e reforça compromisso com o planejamento estratégico
 
 
                                Com o tema “Reconstrução
do Planejamento Nacional”, o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais do
Planejamento (Conseplan) realizou seu primeiro congresso com início na
terça-feira (6) e encerramento nesta quinta-feira (8), no Centro de Convenções
Ulysses Guimarães, em Brasília. O evento reuniu gestores e técnicos de estados
e municípios, representantes do Governo Federal, instituições nacionais e
internacionais, além de estudantes. A programação contou com conferências das
ministras Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e
Inovação em Serviços Públicos), além de painéis temáticos, palestras e
apresentação de artigos.
Na abertura do congresso,
a ministra Simone Tebet destacou o esforço do Governo Federal, desde o início
de 2023, para recuperar a função do planejamento no Estado brasileiro, após a
extinção do Ministério no governo anterior. Ressaltou ainda o desafio de
engajar a sociedade na construção e governança dos planos de médio e longo
prazo, como o PPA 2024-2027 e a Estratégia Brasil 2050.
“O Brasil não tem cultura
de planejamento, os governos de modo geral não tem a cultura do planejamento. E
esse é o grande problema do Brasil. A única sugestão que eu poderia dar pra
vocês nessa missão que nós temos de servir ao Brasil, é como fazer a sociedade
brasileira, que tem os seus problemas imediatos, entender a importância do
planejamento”, resumiu Tebet. Ela também ressaltou a relevância das Rotas de
Integração Sul-Americana, projeto estratégico do Ministério, para o
desenvolvimento nacional e o fortalecimento do comércio com países vizinhos.
Em sintonia com essa
perspectiva, o secretário estadual do Planejamento da Bahia, Cláudio Peixoto,
destacou a importância do encontro e da visão estratégica de longo prazo diante
dos desafios atuais. “Esse é um momento valioso em que o Brasil retoma o planejamento
como função essencial do Estado. A Bahia, com sua tradição, compartilha a
experiência acumulada na área. É por meio do planejamento que vamos enfrentar
os grandes desafios econômicos, sociais e ambientais e entregar políticas
públicas que transformem a vida das pessoas”, afirmou.
Planejamento e modelo de
desenvolvimento
Durante sua participação no painel sobre planejamento de longo prazo, o
presidente do IBGE, Márcio Pochmann, defendeu a integração das bases de dados
públicas como instrumento essencial para o ciclo do planejamento nacional – da
formulação à avaliação das políticas públicas. Ele também questionou o atual
modelo de urbanização em regiões do centro e norte do país, que reproduz
padrões excludentes do passado.
“Sem planejamento, o que
temos é o destino, e o destino não necessita da ação humana, porque é algo que
vai acontecendo por força de outras vontades. O movimento que está em curso nos
próximos 25 anos vai na visão de um Brasil cada vez mais interiorano. O Brasil
cada vez mais conectado com a saída do Pacífico. Isso é um outro Brasil. O
Censo de 2022 do IBGE nos mostra uma concentração das favelas ainda na região
litorânea do país. Todavia, as novas cidades, como Sorriso, várias outras
cidades no leito do Rio Amazonas, estão cada vez mais crescendo as favelas. Ou
seja, nós estamos reproduzindo o mesmo padrão de urbanização que o país fez nos
últimos 60, 70 anos, cidades com ricos permeados por uma pobreza de lugares
muito ruins de moradia, de acesso, transporte, que nós conhecemos”, explicou
Pochmann.
Modernização do orçamento
público
No painel “Relações políticas, sociais e federativas na construção do
planejamento e orçamento”, o professor da FGV e diretor do Centro de Cidadania
Fiscal (CCiF), Nelson Machado, defendeu a revisão estrutural do modelo de
gestão orçamentária brasileira. Ele apontou entraves como a rigidez do
orçamento, o excesso de regras fiscais, a fragmentação de recursos e a falta de
integração entre os sistemas de finanças como obstáculos à eficiência e à
transparência. Machado ressaltou a urgência de modernizar os instrumentos de
planejamento – como o PPA, a LDO e a LOA – e eliminar práticas como o
contingenciamento excessivo e a proibição de reprogramação de dotações entre
exercícios.
A contribuição da Bahia
Durante os três dias de evento, os temas debatidos incluíram planejamentos de
longo e médio prazo, revisão de gastos, eficiência orçamentária, monitoramento
e avaliação de políticas públicas e gestão de investimentos. A Bahia teve
participação de destaque com uma equipe de gestores e técnicos da Secretaria
Estadual do Planejamento (Seplan), que apresentou seis artigos. Os trabalhos
abordaram a atualização do Plano de Desenvolvimento Integrado (PDI Bahia 2050),
a metodologia de elaboração e o monitoramento estratégico do PPA Participativo
2024-2027 e a aplicação de ciência de dados na avaliação de políticas públicas.
Além dos temas
mencionados, o artigo “Centro de Governo como ferramenta estratégica para
Gestão Subnacional”, elaborado por Ariadne Muricy Barreto, Isabella Paim
Andrade e Ranieri Muricy Barreto, foi destaque no encerramento do 1º Congresso
do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais do Planejamento (Conseplan),
realizado em Brasília. O trabalho recebeu a premiação de melhor artigo na
categoria Governança, Federalismo, Liderança, Comunicação e Articulação entre
poderes, atores e entes na condução dos processos de planejamento e orçamento.
O artigo foi reconhecido pela sua relevância ao abordar o Centro de Governo
como instrumento essencial para fortalecer a coordenação, a estratégia, a
comunicação e a articulação política na gestão pública subnacional.
 
                 
 
                     
